Os
marinheiros que partiram na longa viagem que os traria pela primeira vez à
América, não tinham ideia de que dariam de cara com um mundo totalmente novo.
Sua intenção era chegar ao Oriente para terem acesso aos mercados de
especiarias e à riqueza que deles provinha.
Assim,
quando Colombo e seus homens pisaram pela primeira vez em solo americano, embora
não soubessem disso, estavam olhando para uma natureza até então desconhecida e
para povos com quem não tinham nenhuma familiaridade. Como será que foi esse
primeiro contato? O que chamou a atenção dos europeus? Como perceberam o Novo
Mundo?
- Em que ano e lugar Colombo nasceu? Quando e onde morreu?
- Qual era a profissão de Colombo?
- Que religião Colombo seguia?
- Quem patrocinou a viagem de Colombo pelo Atlântico?
- Qual era a intenção de Colombo com a viagem pelo Atlântico?
- Em que região do continente americano Colombo chegou em sua primeira viagem pelo Atlântico?
Quinta-feira,
11 de outubro
Às duas horas da madrugada surgiu terra, da
qual estariam a apenas duas léguas de distância. (...) Logo apareceu gente nua,
e o Almirante saiu rumo à terra no barco armado (...). Ao desembarcar viram
árvores muito verdes, muita água e frutas de várias espécies. (...) Logo
viram-se cercados por vários habitantes da ilha. O que se segue são palavras
textuais do Almirante (...):
Eu – diz ele -, porque nos demonstraram grande
amizade, pois percebi que eram pessoas que melhor se entregariam e converteriam
à nossa fé pelo amor e não pela força, dei a algumas delas uns gorros coloridos
e umas miçangas que puseram no pescoço, além de outras coisas de pouco valor, o
que lhes causou grande prazer e ficaram tão nossos amigos que era uma
maravilha. Depois vieram nadando até os barcos dos navios onde estávamos,
trazendo papagaios e fio de algodão em novelos e lanças e muitas outras coisas,
que trocamos por coisas que tínhamos conosco, como miçangas e guizos. Enfim,
tudo aceitavam e davam do que tinham com a maior boa vontade. Mas me pareceu
que era gente que não possuía praticamente nada. Andavam nus como a mãe lhes
deu à luz; inclusive as mulheres, embora só tenha visto uma robusta rapariga. E
todos os que vi eram jovens, nenhum com mais de trinta anos de idade: muito bem
feitos, de corpo muito bonito e cara muito boa; os cabelos grossos, quase como
o pelo do rabo do cavalo, e curtos; caem por cima das sobrancelhas, menos uns
fios na nuca que mantêm longos, sem nunca cortar. Eles se pintam de preto, e
são da cor dos canários, nem negros nem brancos, e se pintam de branco, e de
encarnado, e do que bem entendem, e pintam a cara, o corpo todo, e alguns
somente os olhos e o nariz. Não andam com armas, que nem conhecem, pois lhes
mostrei espadas, que pegaram pelo fio e se cortaram por ignorância (...). Vi
alguns com marcas de ferida no corpo e, por gestos, perguntei o que era aquilo
e eles, da mesma maneira, demonstraram que ali aparecia gente de outras ilhas
das imediações com a intenção de capturá-los e então se defendiam. E eu achei e
acho que aqui vêm procedentes da terra firme para levá-los para o cativeiro.
Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo o que a
gente diz e creio que depressa se fariam cristãos; me pareceu que não tinham
nenhuma religião. Eu, comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui, por ocasião de
minha partida, seis deles para Vossas Majestades, para que aprendam a falar
(...).
Domingo, 14 de outubro
Ao
amanhecer, mandei enfeitar o batel da nau e os barcos das caravelas e percorri
a ilha pelo comprido, na direção do noroeste, para ver o outro lado, que ficava
a leste, e também para ver os povoados e avistei logo dois ou três, e as
pessoas que vinham todas à praia, chamando por nós e rendendo graças à deus.
Uns traziam água; outros, coisas de comer; outros ainda, quando viam ninguém
pretendia se aproximar da terra, lançavam-se ao mar e vinham nadando, e
entendíamos que nos perguntavam se tínhamos vindo do céu. E também apareceu um
velho na parte inferior batel e outros, em altos brados, chamavam todos os
homens e mulheres:
- Venham
ver os homens que chegaram do céu; e tragam-lhes de comer e beber.
Veio uma
porção, com muitas mulheres, cada um trazendo algo, rendendo louvores a Deus,
jogando-se ao chão e levantando as mãos para o céu e depois gritando para que
fôssemos à terra.
Segunda, 15 de outubro
(...) E
assim parti, mais ou menos às dez horas, com vento sudeste, e ia de sul para
essa outra ilha, vastíssima, e onde todos esses homens que trago de San
Salvador indicam que há verdadeiro esbanjamento de ouro; ostentando-o em feitio
de argolas nos braços e pernas e orelhas, nariz e pescoço. São ilhas
verdejantes, férteis e de clima mui brando, e podem conter uma porção de coisas
que ignoro, pois não quero perder tempo com escalas destinadas a percorrer
tantas ilhas a fim de achar ouro (...).
Colombo, Cristóvão. Diários da Descoberta da América: as quatro
viagens e o testamento. Porto Alegre: LP&M, 1984, p. 43 a 49.
Parte A
1. Para quem o
diário de viagem de Colombo foi escrito? Transcreva em seu caderno um trecho
dos textos que prove sua resposta.
2. Como
Colombo reagiu ao primeiro contato com as populações nativas da América?
3. Os
povos que viviam na América falavam uma língua totalmente desconhecida dos
europeus. Como eles conseguiam, então, se entender?
Parte
B
1. Repare
que o contato de Colombo com os nativos e com as novas terras não era
desinteressado. Que intenções você percebe que Colombo tinha em relação aos índios
e às terras exploradas?
2.
O
fato de Colombo não ter escrito esse diário de viagem para si mesmo, mas para
outras pessoas – justamente, seus “patrocinadores” - pode ter influenciado seus
relatos? Explique.
3.
Em
sua opinião, podemos confiar em tudo o que Colombo nos diz? Por quê?
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