quarta-feira, 4 de março de 2020

Terceiro Ano - Lição África


1. Leia o texto e responda as questões que o acompanham
Os árabes e o mercado de escravos na África
Quando os árabes islamizados começaram a se espalhar pelo continente africano, já existia ali uma forma de escravidão tradicional de tipo doméstico. Nesse sistema, o escravo, que em geral era um prisioneiro de guerra, não era capturado para ser uma mercadoria, embora pudesse ser vendido. O objetivo era aumentar a força de trabalho da família e o prestígio ao senhor. O cativo desempenhava as mesmas atividades que a família e, com o tempo, integrava-se à comunidade, podendo, inclusive, se casar com uma pessoa livre. Seus descendentes não herdavam a condição de escravos e, com o tempo, nada mais os distinguia dos outros habitantes da tribo ou reino. Também não era submetido a tratamento degradante ou violento, e se fosse fiel ao se senhor, poderia assumir funções importantes. Os africanos costumavam dar preferência às mulheres e às crianças, pois estas se adaptavam mais facilmente. Em geral, os guerreiros capturados em guerras eram vendidos para longe.
A escravidão também era praticada no mundo árabe. Os escravos eram, como em outros lugares, prisioneiros de guerra e usados como força de trabalho. Meninos e jovens adultos recebiam treinamento para se tornarem soldados. Mulheres e meninas poderiam ainda ser raptadas para servirem como dançarinas, músicas ou para integrarem o harém do sultão. Se o escravo se convertesse ao islamismo, ganhava a liberdade porque a religião proibia a escravização de um irmão de fé.
Com a expansão árabe a partir do século VII e o aumento do número de cativos capturados em guerra, o mercado de escravos experimentou grande impulso, convertendo-se em um negócio muito rentável. Com isso, cresceu também a demanda por cativos, estimulando os reinos africanos a promoverem guerras com o propósito de fazer prisioneiros para serem vendidos como escravos para os mercadores árabes.

a. Em que aspecto(s) a escravidão tradicional africana diferia da escravidão praticada pelos árabes? 
b. Qual foi o impacto da introdução do comércio árabe de escravos na África subsaariana?
c. Embora a escravidão, como sistema legal, tenha sido abolida em toda parte desde o século XIX, com alguma frequência ainda são reveladas situações em que seres humanos são reduzidos, clandestinamente, à condição de escravos. Faça uma pesquisa pela internet e levante dados estatísticos sobre o emprego de mão-de-obra em situação análoga à escravidão no Brasil atual.


Calcula-se que entre o século VII e os XIX, 5 milhões de escravos tenham sido comprados pelos árabes, contribuindo para o enriquecimento de reinos como o Mali, Gana e Congo.



2. Leia o texto e responda as questões que o acompanham

 O que ocorre, na verdade, é que na África tradicional a concepção de mundo é uma concepção de relação de forças naturais, sobrenaturais, humanas e cósmicas. Tudo que está presente para o homem tem uma força relativa à força humana, que é o princípio da ‘força vital’, ou do axé — expressão iorubá usada no Brasil. As árvores, as pedras, as montanhas, os astros e planetas exercem influência sobre a Terra e a vida dos humanos, e vice-versa. Enquanto os europeus queriam dominar as coisas indiscriminadamente, os africanos davam importância a elas, pois tinham consciência de que elas faziam parte de um ecossistema necessário à sua própria sobrevivência. As preces e orações feitas a uma árvore, antes de ela ser derrubada, eram uma atitude simbólica de respeito à existência daquela árvore, e não a manifestação de uma crença de que ela tinha um espírito como o dos humanos. [...]
SALUM, Marta Heloísa Leuba. África: culturas e sociedades, 2005. Disponível em www.arteafricana.usp.br/codigos/textos_didaticos/002/africa_culturas_e_sociedades.html. Acesso em 10 ago. 2015.
a) Qual é a relação que as sociedades tradicionais africanas estabelecem com a Natureza?
b) As sociedades europeias se relacionavam com a Natureza de maneira semelhante às sociedades africanas? Justifique.

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