domingo, 29 de setembro de 2013

Pessoal, segue o texto que será usado na atividade da próxima semana. Adiantem a leitura!!!
Maria Rita Kehl e Davi Kopenawa: Não quero mais morrer outra vez

Em agosto deste ano, visitei pela Comissão da Verdade uma aldeia ianomâmi, para investigar as violações sofridas pelos indígenas durante a abertura da estrada Perimetral Norte, a partir de 1974.
Ao final do testemunho de quatro anciãos, Davi Kopenawa, um dos mais influentes pajés da aldeia, concedeu o depoimento que se segue.
Os ianomâmis e irmãos indígenas irão a Brasília no dia 2 para protestar contra a proposta de emenda constitucional 215, que retira do Executivo o poder de demarcar terras indígenas, em favor dos congressistas.
"Eu não sabia que existia governo. Veio chegando de longe até nossa terra: são pensamentos diferentes de nós. Pensamentos de tirar mercadoria da terra: ouro, diamantes, cassiterita, madeira, pedras preciosas. Matam árvores, destroem a terra mãe, como o povo indígena fala. Ela é que cuida de nós. Ela nasceu, a natureza grande, para a gente usar.
Eu não sabia que o governo ia fazer estradas aqui. Autoridade não avisou antes de destruir nosso meio ambiente, antes de matar nosso povo. Não só os ianomâmi: o povo do Brasil. A estrada é um caminho de invasores, de garimpo, de agricultores, de pescadores. Tiram 'biopirataria' sem avisar nós. Estradas que o governo construiu começaram lá em Belém, depois Amapá, Manaus, Boa Vista. Mataram nossos parentes waimiri-atroari. É trabalho ilegal. O branco usa palavra ilegal.
A Funai, que era pra nos proteger, não nos ajudou nem avisou dos perigos. Hoje estamos reclamando. Só agora está acontecendo, em 2013, que vocês vieram aqui pedir pra gente contar a história. Quero dizer: eu não quero mais morrer outra vez.
O governo local e nacional, deputados, senadores, governadores, todos têm que pensar como o governo vai nos proteger e não deixar mais destruir matas e rios e fazer sofrer os ianomâmis e outros parentes, junto com a floresta. O ambiente sofre também, junto com o índio.
Minha ideia: eu ando no meu país, o Brasil. Sou filho da Amazônia brasileira, conto para quem não sabe o sofrimento do meu povo. Não queremos que a autoridade deixe estragar outra vez. Se o governo quer fazer estrada na terra ianomâmi, tem que entrar e conversar com nós, junto com o Ibama. O governo Dilma está aprontando para estragar outra vez. Nosso povo não quer.
A autoridade tem que respeitar a Constituinte que o governo passado criou. O que fala a OIT, no papel, não pode mudar, não. Tem que ser respeitado.
Querem mudar o artigo 231. O projeto [de lei complementar] 227 vai permitir matar nós, não vai mais deixar demarcar terras de nossos parentes. O governo tem que completar o trabalho e demarcar as terras dos povos que ainda estão lutando. Demarcar as terras de quem ainda falta demarcar.
Hoje em dia, nós, lideranças, sabemos reclamar! Também precisa falar com outros governos do mundo que mandam estrangeiros virem destruir a natureza de nosso país. Não queremos aprovação de projetos de mineração no Congresso. Vamos passar fome quando não tiver mais árvores, peixes, água limpa. Belo Monte é morte, não é uma palavra bonita. Vai matar árvores, rios, índios, vida da terra.
Os brancos pensam que a floresta foi posta em cima do chão sem nenhum motivo. Pensam que a floresta é uma coisa morta. Isso não é verdade. Ela só fica lá, quieta no chão, porque os espíritos dos xapiripe tomam conta dos seres maléficos e seguram a raiva dos seres da tempestade. Sem a floresta, não teria água na terra. As árvores da floresta são boas porque estão vivas, só morrem quando são cortadas. Mas daí elas nascem de novo. É assim. Nossa floresta é viva, e se os brancos acabarem com nosso povo e com as matas, eles não vão saber orar em nosso lugar, vão ficar pobres e acabar sofrendo de fome e sede.
Queremos que nossos filhos e netos possam crescer achando nela seus alimentos. Nossos antepassados foram cuidadosos com ela, por isso está até hoje com boa saúde. Foi o governo que tirou nossa floresta, nossos rios e a vida dos irmãos. Tem que pagar indenização. Porque nossa vida vale mais do que ouro."

MARIA RITA KEHL, 61, psicanalista, é integrante da Comissão Nacional da Verdade
DAVI KOPENAWA, 57, é pajé da aldeia ianomâmi Watoriki. Recebeu o prêmio Global 500 da ONU
Publicado no caderno 1 do jornal Folha de São Paulo, no dia 29 de setembro de 2013.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Material complementar de estudo para alunos em recuperação de História - Segundo Ano setembro 2013

Pessoal, seguem abaixo alguns links para ajuda-los no estudo dos conteúdos de recuperação

Segundo ano:
A formação das poleis gregas:
http://www.brasilescola.com/historiag/a-formacao-polis-grega.htm

Esparta e Atenas
http://noticias.terra.com.br/educacao/historia/grecia-esparta-e-atenas-como-modelos-de-educacao,b1080231a76da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Guerras Médicas
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/guerras-medicas---contexto-historico-dois-povos-e-dois-modos-de-lutar.htm

Guerra do Peloponeso
http://www.mundoeducacao.com/historiageral/guerra-peloponeso.htm

Origens de Roma
https://www.youtube.com/watch?v=fWM2iDYWAA8 Todos os 13 vídeos da sequencia podem ser vistos)

República Romana
https://www.youtube.com/watch?v=bDOgUdi_1wQ

Atividade de recuperação de Filosofia - setembro de 2013


Na recuperação de Filosofia, você terá de retomar alguns pontos das discussões que fizemos no trimestre. Para isso:


 1.    Pesquise a biografia de


·      Sigmund Freud


·      Michel Foucault


 A biografia deve ser bem resumida. Nela devem constar apenas os dados mais importantes: data e local de nascimento, atividades desempenhadas na vida, principais obras e ideias que destacaram o autor, e data e local de morte.


 


ATIVIDADE 1

Leia o texto indicado abaixo e responda as questões que o acompanham

 


A mente segundo a teoria de Sigmund Freud

 (...) O que é psicanálise? Em primeiro lugar, uma teoria que pretende explicar o funcionamento da mente humana. Além disso, a partir dessa explicação, ela se transforma num método de tratamento de diversos transtornos mentais.


São dois os fundamentos da teoria psicanalítica: 1) Os processos psíquicos são em sua imensa maioria inconscientes e a consciência não é mais do que uma fração de nossa vida psíquica total; 2) os processos psíquicos inconscientes são dominados por nossas tendências sexuais.


 Sexo e libido

(...) Freud buscou explicar a vida humana (pessoal e individual, mas também pública e social) recorrendo a essas tendências sexuais a que chamou de libido. Com esse termo, o pai da psicanálise designou a energia sexual de maneira mais geral e indeterminada. Assim, por exemplo, em suas primeiras manifestações, a libido liga-se a outras funções vitais: no bebê que mama, o ato de sugar o seio materno provoca outro prazer além do de obter alimento e esse prazer passa a ser buscado por si mesmo.


Por isso, Freud afirma que a boca é uma "zona erógena" e considera que o prazer provocado pelo ato de sugar é sexual. Portanto, repare bem, a libido pode nada ter em comum com as áreas genitais.


Posto isso, a psicanálise compreende as grandes manifestações da psique como um conflito entre as tendências sexuais ou libido e as fórmulas morais e limitações sociais impostas ao indivíduo. Esses conflitos geram os sonhos, que seriam, segundo a interpretação freudiana, as expressões deformadas ou simbólicas de desejos reprimidos. Geram também os atos falhos ou lapsos, distrações falsamente atribuídas ao acaso, mas que remetem ou revelam aqueles mesmos desejos (...)


 Id, ego e superego

Em 1923, no livro "O Ego e o Id", Freud expôs uma divisão da mente humana em três partes: 1) o ego que se identifica à nossa consciência; 2) o superego, que seria a nossa consciência moral, ou seja, os princípios sociais e as proibições que nos são inculcadas nos primeiros anos de vida e que nos acompanham de forma inconsciente a vida inteira; 3) o id, isto é, os impulsos múltiplos da libido, dirigidos sempre para o prazer. (...)


A influência que Freud exerceu em várias correntes da ciência, da arte e da filosofia foi enorme. Mas não se deve deixar de dizer que muitos filósofos, psicólogos e psiquiatras fazem sérias objeções ao modo como o pai da psicanálise e seus discípulos apresentam seus conceitos: como realidades absolutas e não como hipóteses ou instrumentos de explicação que podem ser ultrapassados pela evolução científica e que, em alguns casos, foram mesmo.

Disponível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/psicanalise-a-mente-segundo-a-teoria-de-sigmund-freud.htm Acesso em 11 de setembro de 2013

 


a)     De acordo com o texto, o que é a psicanálise?

b)    Quais são os dois fundamentos centrais da psicanálise?

c)     Quando Freud se refere à libido, ele está se referindo unicamente às práticas e desejos relacionados ao coito? Explique.

d)    Para Freud, a nossa libido pode se manifestar de maneira completamente livre e desimpedida? Explique.

e)     Segundo Freud quais são as estruturas básicas da psique humana?

f)     “Nas primeiras décadas do século 20, não havia regras bem definidas para internar as pessoas em hospitais psiquiátricos. Muitas vezes, dependentes de bebidas alcóolicas ou aqueles que tinham hábitos estranhos (como caminhar pelas ruas durante a madrugada) eram considerados pessoas com problemas mentais e levados para os hospitais. O tratamento psiquiátrico era assustador: os médicos usavam aparelhos de eletrochoque e algemas, entre outros. Diante dessa terrível situação, e com o objetivo de melhorar o relacionamento entre os pacientes, a doutora Nise da Silveira propôs um tratamento alternativo. Ela montou no hospital oficinas de artesanato, música, modelagem, jardinagem e pintura.”(trecho extraído do site http://chc.cienciahoje.uol.com.br/a-arte-do-inconsciente/)


Conhecendo algumas ideias de Freud e com base nelas, levante uma hipótese para explicar por que a arte tem uma função importante no tratamento de pessoas com doenças mentais.

g)    Você já escutou falar do artista Bispo do Rosário? Faça uma pesquisa sobre ele e depois selecione pelo menos de duas de suas obras e comente-as.

 

 

ATIVIDADE 2

 

A genealogia dos micropoderes

José Renato Salatiel

(...) Antes de Foucault, a teoria política concebia o poder como algo que uns tem, outros não, além de estar associado, mais comumente, à figura da Igreja ou do Estado. Toda teoria política clássica, de Maquiavel e os contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau) até Marx, discutia-se como legitimar o poder de uns poucos sobre muitos, e assim, manter (ou subverter, no caso de Marx) a ordem social.

Foucault entende o poder não como um objeto natural, mas uma prática social expressa por um conjunto de relações. Temos que pensar o poder não como uma "coisa" que uns tem e outros não, como, por exemplo, o pai e o filho, o rei e seus súditos, o presidente e seus governados, etc., mas como uma relação que se exerce, que opera entre os pares: o filho que negocia com o pai, os súditos que reivindicam ao rei, os governados que usam dispositivos legais para fiscalizar o presidente, etc.

Deste ponto de vista, poder não se restringe ao governo, mas espalha-se pela sociedade em um conjunto de práticas, a maioria delas essencial à manutenção do Estado. O poder é uma espécie de rede formada por mecanismos e dispositivos que se espraiam por todo cotidiano - uma rede da qual ninguém pode escapar. Ele molda nossos comportamentos, atitudes e discursos.

Para descobrir como o poder funciona, Foucault vai usar o método genealógico, empregado por Nietzsche para contar a "história secreta" dos valores. Vamos ver alguns exemplos disso.

 Corpos dóceis

Uma manifestação externa desses poderes que Foucault analisa diz respeito aos seus efeitos sobre nossos corpos, que ele chama de poder disciplinar e que caracterizou determinadas sociedades no século 20.

Foucault argumenta que nenhum poder que fosse somente repressor poderia se sustentar por muito tempo, porque uma hora as pessoas iriam se rebelar. Portanto, seu segredo é que, ao mesmo tempo em que reprime, gera conhecimento e corpos produtivos para o trabalho.

Era comum, e ainda é nos dias atuais, encontrarmos pátios escolares em que se formam filas com crianças para entrar nas salas de aula. Depois, na sala de aula, era preciso que as crianças controlassem suas vontades corporais (fome, vontade de fazer xixi, etc.) até que tocasse o sinal. Este é um exemplo da domesticação de corpos de que fala o filósofo.

Mais tarde, na Igreja, no Exército e nas fábricas, esse indivíduo viveria a mesma rotina de adestramento corporal. O objetivo? Segundo Foucault, maximizar a utilidade econômica de nossos corpos, para o trabalho, e diminuir a força política e criativa, de contestação, que temos também, criaturas cheias de desejos que somos.

Afinal de contas, imagine o que seria de uma sociedade, livre de mecanismos de poder, em que quiséssemos trabalhar ou estudar na hora em que desse na telha e resolvêssemos passar a maior parte do nosso tempo namorando, jogando futebol ou simplesmente não fazendo nada? E, para dar o exemplo para aqueles que são considerados corpos improdutivos para a sociedade, diz Foucault, foram criados asilos para os loucos e prisões para os ladrões. Desse encarceramento surgem áreas de conhecimento como a psiquiatria e a criminologia.

 Resistências locais

O ponto em que a teoria de poder de Foucault converge com o pós-modernismo é que, da mesma maneira que lidamos com o fim das visões totalizantes de mundo, o poder também se pulveriza em micropoderes. E, consequentemente, a resistência aos poderes passa a ser local, em ações cada vez mais regionalizadas.

Não adianta investir contra o Estado, achando que ele é a causa de todos os males. Ele é apenas uma das representações desse poder que se exerce em uma série de mecanismos, que reproduzimos todos os dias sem ao menos nos darmos conta disso. Por exemplo, quando tratamos com autoritarismo nossos filhos, namoradas ou pais.

E onde Foucault identifica estes focos de resistências locais aos poderes? Nos movimentos ativistas pelos direitos humanos, além de gays, negros, feministas, ecologistas e outras minorias que se organizaram como polos de contra-poder, principalmente a partir da década de 1960, quando emerge o pós-modernismo.

Neste nosso mundo pós-moderno, fica cada dia mais difícil saber quem é o vilão e quem é o mocinho. Os super-heróis estão cada vez mais humanos. Ou, como diria Nietzsche, demasiadamente humanos.

Disponível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/filosofia-pos-moderna---michel-foucault-a-genealogia-dos-micropoderes.htm Acesso em 11 de setembro de 2013

 

a)   Qual foi a grande contribuição de Michel Foucault para os estudos em torno do tema do poder?

b)   Para Foucault, a prática da repressão e o uso da violência podem assegurar o poder por tempos prolongados? Explique.

c)   Que relação Foucault estabelece entre a disciplina e a necessidade que o sistema capitalista tem de fazer aumentar a produtividade das pessoas (produzir mais em menos tempo)?

d)   Se Foucault fosse vivo, você considera que ele veria com otimismo as atuais manifestações que acontecem no Brasil contra o Estado? Justifique.

e)   A propaganda abaixo é estadunidense e data de 1961. Nela está escrito:

 

"O Chef faz tudo, menos cozinhar - mas é para isso que servem as esposas!"

 

 

 Analise a peça de propaganda usando como base para isso as ideias de Foucault.