quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Registro de aula: seu amigo inseparável

Para aproveitar o ano, é importante garantir desde o início seu material organizado. Isso significa ter pastas onde guardar fichas, caderno em bom estado para anotar aulas, estojo completo, agenda. Mas significa também organizar cada informação nova. Para isso, é fundamental desenvolver o hábito de fazer registro das aulas. Como é essa história de fazer registros? Vamos lá entender isso.

Entender uma aula, uma palestra ou uma conferência é só o primeiro passo para a aprendizagem. Para que as informações entendidas sejam assimiladas e de fato aprendidas, é preciso retomá-las e “processá-las”. Quer dizer, as informações precisam se “encaixar” na rede de informações que cada indivíduo constrói para si.
Para isso, o ato de escutar é insuficiente. Ao escutar, eu entendo, mas não absorvo o que foi dito. A informação passa por mim, mas não fica. Assim, se eu quiser reter uma informação, se eu quiser me apropriar dela, preciso moldá-la conforme meu entendimento.
A melhor maneira de reter a informação, portanto, é fazendo registros dela. Mas como devem ser feitos esses registros?
1.   Todo registro deve ter título e data.
1.   O registro não é uma reprodução mecânica da fala do palestrante. O ouvinte deve filtrar dela aquilo que é fundamental de ser guardado. Assim, deve escutar, procurar entender a mensagem e registrar a ideia principal apreendida;
2.   Os registros são apenas lembretes. Portanto devem ser rápidos e objetivos. Para que a escrita não seja demasiadamente demorada, o ouvinte deve lançar mão de recursos de elaboração de esquema: abreviações, uso de setas e chaves, siglas, etc.
3.   Os registros não precisam ser lindos. É natural que, na pressa, a caligrafia fique feia, que regras de gramática e ortografia acabem atropeladas, que artigos sejam suprimidos e que gírias substituam termos mais precisos. Não faz mal. O importante é que você registre do jeito que entender melhor.
4.   Uso de canetas de cores diferentes pode ajudar a destacar palavras-chave e títulos. Mas não abuse! Trocar de caneta dezenas de vezes irá atrasar seus registros e produzir muita confusão. Por isso, basta usar duas cores.
5. Faça as anotações a caneta. Lápis, com o tempo, apaga e a legibilidade é pior. Se erra, risque o erro. Durante a anotação, você não terá tempo para ficar apagando. 
6.  
É útil anotar dúvidas ou ideias que passarem pela sua cabeça enquanto escuta a aula ou palestra. Para não confundir suas ideias com a do palestrante, é interessante diferenciar a fala dele de suas próprias reflexões. Isso pode ser feito com uso de cores diferentes para as duas situações ou com o uso de algum código. Eu, por exemplo, registro minhas ideias e dúvidas dentro de um “balão de pensamento”, como em histórias em quadrinho:
7.   Para melhor assimilar uma informação, o ideal é, na sua casa, com calma, retomar as anotações feitas em aula e produzir, a partir delas, um texto sobre o tema em questão. Para isso, leia suas anotações, lembre-se das explicações dadas sobre o assunto anotado e tente reproduzi-las com suas palavras. O texto produzido dessa maneira pode se tornar excelente material de estudo.

Veja um exemplo de como os registros de aula podem favorecer o aprendizado. Na página de caderno copiada, aparecem algumas anotações que fiz num curso sobre Cultura Africana, na USP, em 2011.


Apesar de eu ter assistido a aula acima há um ano e meio, graças aos registros, ainda posso recuperar as informações e produzir um texto com elas:

Nas sociedades africanas, o artista é o homem (muntu) capaz de manipular a força vital contida em todas as coisas vivas (kintu) e, a partir dela, produzir formas, sons e imagens belas e harmoniosas (kuntu).
A musicalidade é produzida pela articulação de sons e movimentos, já que na arte africana não existe especialização: música, canto, dança complementam-se e formam uma unidade. Assim, a ideia de integração está na base da concepção musical africana.
No que diz respeito à escultura, merece destaque a arte dogon (ao lado), típica da região do atual Mali. As peças são feitas em madeira dura, difícil de ser talhada.


Engana-se, portanto, quem imagina que a anotação de aula só será útil na vida de estudante secundarista! O hábito de fazer registros de exposições orais poderá favorecê-los muito na vida acadêmica e mesmo na vida profissional, quando vocês precisarem registrar atas de reunião, aulas de cursos de capacitação, etc. Por isso, vale a pena treinar o quanto antes essa habilidade!

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