Nas aulas passadas
vimos o que é um feudo, termo definido da seguinte forma pelo medievalista
Hilário Franco Júnior:
“A palavra [feudo]
deriva do germânico fehu, ‘gado’, com
sentido de ‘um bem dado em troca de algo’. Inicialmente, fins do século IX, o
feudo era cedido pelo poder público (rei, conde) em troca de serviços públicos
(guerra, administração). A partir de fins do século XI, ligado estreitamente à
vassalagem, o feudo tornou-se um bem privado concedido em troca de serviços
privados. Essa concessão (terra, dinheiro, direitos diversos) era feita por um
nobre, intitulado ‘senhor’, a outro nobre, chamado ‘vassalo’, em troca
essencialmente de serviço militar”. (Franco Jr, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense,
2006, p. 182-183)
Na
definição acima, notamos que o feudo era um bem doado sempre entre pessoas
pertencentes a um mesmo estrato social: a nobreza. Porém, se os vassalos eram
nobres e a nobreza não realizava qualquer forma de trabalho produtivo, quem era
responsável pela produção dos bens necessários à vida nos feudos?
Fonte 1: Iluminura,
séc. XIV
a) Descreva as vestimentas das personagens representadas
acima.
b) Identifique as atividades que estão sendo realizadas.
Fonte 2: século XV
Fonte: Valère Maxime, Fatos e ditos memoráveis, França, século
XV. Paris, BnF, departamento de manuscritos, Franceses 6185 fol. 89v. Apud http://martial.berthot.free.fr/newsite/5ehistoire/paysansseigneurs/apprendre.html
a) Quais das personagens da imagem acima você classificaria
no mesmo grupo social que as personagens da imagem anterior? Por quê?
b) Tomando por base os gestos, expressões e ações das
personagens acima, que relação você supõe que elas mantinham entre si?
Fonte 3: século X
“Eu, Berterio, coloquei a corda no
pescoço e me entreguei sob o poder de Alariado e de sua esposa Ermengarda para
que desde este dia façais de mim e de minha descendência o que quiserdes, os
vossos herdeiros o mesmo que vós, podendo guardar-me, vender-me, dar-me a outro
ou manumitir-me, e se eu quiser subtrair-me a vosso serviço podeis deter-me vós
mesmo ou vossos enviados, do mesmo modo como o faríeis com vossos restantes
escravos originais.”
Recueil des chartes de l’abbaye de Cluny, Bernard, A.,
Bruel, A. (ed) Paris, 1876. t. I. p. 887. Apud Pedrero Sánches, Maria
Guadalupe. História da Idade Média:
textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000, p. 105.
a)
De acordo com o documento acima, que relação passava a existir entre Berterio e
Alarido?
Fonte 4: século IX
“Walafredus, um colonus e mordomo, e sua mulher, uma
colona (...) homens de Saint-Germain, têm 2 filhos (...) eles detêm 2 mansos
livres com 7 bunuaria de terra arável, 6 acres de vinha e 4 de prados. Deve por
cada manso uma vaca num ano, um porco no seguinte, 4 denários pelo direito de
utilizar a madeira, 2 módios de vinho pelo direito de utilizar as pastagens,
uma ovelha e um cordeiro. Ele lavra 4 varas para um cereal de inverno e 2 varas
para um cereal de primavera. Deve corveias, carretos, trabalho manual, cortes
de árvores quando para isso receber ordens, 3 galinhas e 15 ovos (...)”
Políptico de Irmignon (Passagem de um
cadastro das propriedades e rendimentos da abadia de Saint-Germain-des-Prés
[Paris], mostrando as obrigações do colono) disponível em http://www.ricardocosta.com/extratos-de-documentos-medievais-sobre-o-campesinato-secs-v-xv
Acesso em 11 de fevereiro de 2018
a) O que Walafredus e Berterio (do documento anterior) têm
em comum? E o que têm de diferente?
Sintetizando...
Com base nos documentos acima, responda as questões abaixo:
1. Se os vassalos eram nobres e a nobreza não realizava
qualquer forma de trabalho produtivo, quem era responsável pela produção dos
bens necessários à vida nos feudos?
2. Se o vassalo não trabalhava, como seu sustento era
garantido?
3. Qual era a principal atividade econômica na Europa
durante a Idade Média?
4. Para finalizar, leia o texto abaixo e grife nele as
informações que você foi capaz de extrair das fontes 1, 2, 3 e 4.
A sociedade feudal consistia dessas três classes –
sacerdotes, guerreiros e trabalhadores, sendo que o homem que trabalhava produzia
para ambas outras classes, eclesiástica e militar. (...) Qual era a espécie de
trabalho? (...) Era o trabalho na terra, cultivando grãos ou guardando o
rebanho para utilizar a lã no vestuário. Era o trabalho agrícola, mas tão
diferente de hoje que dificilmente o reconheceríamos.
A maioria das terras agrícolas da Europa ocidental e
central estava dividida em áreas conhecidas como “feudos”. Um feudo consistia
apenas de uma aldeia e as várias centenas de acres de terra arável que a
circundavam, e nas quais o povo da aldeia trabalhava. (...)
Havia vários graus de servidão, mas foi difícil aos
historiadores delinear todos os matizes das diferenças entre os diversos tipos.
Havia os “servos dos domínios”, que viviam permanentemente ligados à casa do
senhor e trabalhavam em seus campos durante todo o tempo, não apenas por dois
ou três dias na semana. Havia os camponeses muito pobres, chamados “fronteiriços”,
que mantinham pequenos arrendamentos de um hectare, mais ou menos, à orla da
aldeia, e os “aldeões”, que nem mesmo possuíam um pequeno arrendamento, mas
apenas uma cabana, e deveriam trabalhar para o senhor como braços contratados,
em troca de comida.
Havia os “vilões” que, ao que parece, eram servos com
maiores privilégios pessoais e econômicos. Distanciavam-se muito dos servos, na
estrada que conduz à liberdade, gozavam de maiores privilégios e menores
deveres para com o senhor. Uma diferença importante também está no fato de que
os deveres que realmente assumiam eram mais precisos que os dos servos. Isso constituía
grande vantagem, porque então os vilãos sabiam qual a sua exata situação.”
Huberman,
Leo. História da riqueza do homem.
Rio de Janeiro: Zahar, 1982, p. 15-1
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