domingo, 11 de fevereiro de 2018

Segundo Ano - FH2: SOCIEDADE E ECONOMIA NA IDADE MÉDIA



Nas aulas passadas vimos o que é um feudo, termo definido da seguinte forma pelo medievalista Hilário Franco Júnior:
“A palavra [feudo] deriva do germânico fehu, ‘gado’, com sentido de ‘um bem dado em troca de algo’. Inicialmente, fins do século IX, o feudo era cedido pelo poder público (rei, conde) em troca de serviços públicos (guerra, administração). A partir de fins do século XI, ligado estreitamente à vassalagem, o feudo tornou-se um bem privado concedido em troca de serviços privados. Essa concessão (terra, dinheiro, direitos diversos) era feita por um nobre, intitulado ‘senhor’, a outro nobre, chamado ‘vassalo’, em troca essencialmente de serviço militar”. (Franco Jr, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 182-183)
            Na definição acima, notamos que o feudo era um bem doado sempre entre pessoas pertencentes a um mesmo estrato social: a nobreza. Porém, se os vassalos eram nobres e a nobreza não realizava qualquer forma de trabalho produtivo, quem era responsável pela produção dos bens necessários à vida nos feudos?

Fonte 1: Iluminura, séc. XIV




a) Descreva as vestimentas das personagens representadas acima.

b) Identifique as atividades que estão sendo realizadas.

Fonte 2: século XV
Fonte: Valère Maxime, Fatos e ditos memoráveis, França, século XV. Paris, BnF, departamento de manuscritos, Franceses 6185 fol. 89v. Apud http://martial.berthot.free.fr/newsite/5ehistoire/paysansseigneurs/apprendre.html

a) Quais das personagens da imagem acima você classificaria no mesmo grupo social que as personagens da imagem anterior? Por quê?
b) Tomando por base os gestos, expressões e ações das personagens acima, que relação você supõe que elas mantinham entre si?

Fonte 3: século X
“Eu, Berterio, coloquei a corda no pescoço e me entreguei sob o poder de Alariado e de sua esposa Ermengarda para que desde este dia façais de mim e de minha descendência o que quiserdes, os vossos herdeiros o mesmo que vós, podendo guardar-me, vender-me, dar-me a outro ou manumitir-me, e se eu quiser subtrair-me a vosso serviço podeis deter-me vós mesmo ou vossos enviados, do mesmo modo como o faríeis com vossos restantes escravos originais.”
Recueil des chartes de l’abbaye de Cluny, Bernard, A., Bruel, A. (ed) Paris, 1876. t. I. p. 887. Apud Pedrero Sánches, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000, p. 105.

a) De acordo com o documento acima, que relação passava a existir entre Berterio e Alarido?

Fonte 4: século IX
            “Walafredus, um colonus e mordomo, e sua mulher, uma colona (...) homens de Saint-Germain, têm 2 filhos (...) eles detêm 2 mansos livres com 7 bunuaria de terra arável, 6 acres de vinha e 4 de prados. Deve por cada manso uma vaca num ano, um porco no seguinte, 4 denários pelo direito de utilizar a madeira, 2 módios de vinho pelo direito de utilizar as pastagens, uma ovelha e um cordeiro. Ele lavra 4 varas para um cereal de inverno e 2 varas para um cereal de primavera. Deve corveias, carretos, trabalho manual, cortes de árvores quando para isso receber ordens, 3 galinhas e 15 ovos (...)”
Políptico de Irmignon (Passagem de um cadastro das propriedades e rendimentos da abadia de Saint-Germain-des-Prés [Paris], mostrando as obrigações do colono) disponível em http://www.ricardocosta.com/extratos-de-documentos-medievais-sobre-o-campesinato-secs-v-xv Acesso em 11 de fevereiro de 2018
 a) O que Walafredus e Berterio (do documento anterior) têm em comum? E o que têm de diferente?

Sintetizando...
Com base nos documentos acima, responda as questões abaixo:

1. Se os vassalos eram nobres e a nobreza não realizava qualquer forma de trabalho produtivo, quem era responsável pela produção dos bens necessários à vida nos feudos?
2. Se o vassalo não trabalhava, como seu sustento era garantido?
3. Qual era a principal atividade econômica na Europa durante a Idade Média?
4. Para finalizar, leia o texto abaixo e grife nele as informações que você foi capaz de extrair das fontes 1, 2, 3 e 4.

A sociedade feudal consistia dessas três classes – sacerdotes, guerreiros e trabalhadores, sendo que o homem que trabalhava produzia para ambas outras classes, eclesiástica e militar. (...) Qual era a espécie de trabalho? (...) Era o trabalho na terra, cultivando grãos ou guardando o rebanho para utilizar a lã no vestuário. Era o trabalho agrícola, mas tão diferente de hoje que dificilmente o reconheceríamos.
A maioria das terras agrícolas da Europa ocidental e central estava dividida em áreas conhecidas como “feudos”. Um feudo consistia apenas de uma aldeia e as várias centenas de acres de terra arável que a circundavam, e nas quais o povo da aldeia trabalhava. (...)
Havia vários graus de servidão, mas foi difícil aos historiadores delinear todos os matizes das diferenças entre os diversos tipos. Havia os “servos dos domínios”, que viviam permanentemente ligados à casa do senhor e trabalhavam em seus campos durante todo o tempo, não apenas por dois ou três dias na semana. Havia os camponeses muito pobres, chamados “fronteiriços”, que mantinham pequenos arrendamentos de um hectare, mais ou menos, à orla da aldeia, e os “aldeões”, que nem mesmo possuíam um pequeno arrendamento, mas apenas uma cabana, e deveriam trabalhar para o senhor como braços contratados, em troca de comida.
Havia os “vilões” que, ao que parece, eram servos com maiores privilégios pessoais e econômicos. Distanciavam-se muito dos servos, na estrada que conduz à liberdade, gozavam de maiores privilégios e menores deveres para com o senhor. Uma diferença importante também está no fato de que os deveres que realmente assumiam eram mais precisos que os dos servos. Isso constituía grande vantagem, porque então os vilãos sabiam qual a sua exata situação.”
Huberman, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982, p. 15-1

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