Durante nossas últimas
aulas, estudamos a crise que se abateu sobre o Império Romano, fragilizando-o e
tornando-o vulnerável à penetração bárbara. Vimos também que com o
enfraquecimento do poder central, as pessoas abandonaram os centros urbanos,
principais alvos das invasões, e se dirigiram para as zonas rurais, onde
ofereciam seu trabalho para os grandes proprietários de terra em troca de
proteção e do direito de uso de um pedaço de chão onde pudessem viver e
cultivar seu alimento. É a partir dessas mudanças que acontecem na Europa
Ocidental do século V, que se desenvolve lentamente uma nova organização
social, política econômica e cultural a qual damos o nome de Feudalismo. Mas,
afinal, o que vinha a ser um feudo?
TEXTO 1
Iniciaremos
pelo termo feudo, cujos primeiros registros ocorrem em documentos da região de
Borgonha, no leste da França, por volta de 881, com a forma feos, designando
uma propriedade móvel, provavelmente um modo de pagamento com gado. A forma
feudum, em latim, surgiu no final do século XI, designando o que entendemos
hoje por feudo, isto é, uma extensão de terra concedida em troca de
determinados serviços. Deve-se ressaltar, contudo, que o feudo podia ser também
uma vila, um castelo, um cargo administrativo, ou mesmo uma certa quantia em
dinheiro.
(Pais, Marco A. de O. – O Despertar da Europa. São Paulo: Atual,
1992, páginas 15 e 16)
TEXTO 2
Feudo é o benefício
dado pelo senhor a algum homem porque se tornou seu vassalo e lhe fez homenagem
de ser-lhe leal, tomou este nome da fé que deve o vassalo guardar ao senhor.
São duas as formas de feudo: uma é a outorga, uma vila ou castelo, ou outra
coisa que constitua um bem de raiz e este feudo não pode ser tomado do vassalo
a não ser se falecer o senhor com o qual tratou ou se fizer algum erro pelo
qual o deva perder, assim como é mostrado adiante. Outra maneira é o chamado
feudo de câmara; este se faz quando o rei doa maravedis* a algum vassalo seu
todo ano em sua câmara, e este feudo tal pode o rei cancelar quando quiser.
(Afonso X, o Sábio.
Citado por Pedrero-Sanches, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora
UNESP, 2000, p. 97 – 98)
* maravedis:
moeda castelhana.
TEXTO 3
Com o fim de assegurar uma proteção eficaz das terras, o senhor
confia uma terra, o feudo, a um vassalo, do qual passa a ser suserano. Suserano
e vassalo têm obrigações recíprocas. O senhor deve proteger o seu vassalo e
preservar a integridade do feudo. O vassalo deve aconselhar seu suserano e
ajuda-lo militar e financeiramente. Além disso, o vassalo jura fidelidade ao
seu suserano através da cerimônia da homenagem. (...)
Por seu
lado, um vassalo pode proceder da mesma forma e se tornar suserano de outro
vassalo, cujo feudo será sempre menor do que o seu.
(Herman, Jacques. Guia de História Universal. Lisboa:
Edições 70, 1998, página 90)
Refletindo sobre
os textos:
1. Com base nos textos acima, poderíamos afirmar
que o termo “feudo” manteve, durante o correr de toda Idade Média, um mesmo o
único significado? Por quê?
2. Com suas palavras, tente definir “feudo”.
3. Qual é a relação que existia entre suserania,
feudo e vassalagem?
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